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sábado, 18 de julho de 2009

Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim - Sinatra & Company - SinatraJobim - Sinatra-Jobim sessions - Duets II

FRANCIS ALBERT SINATRA & ANTONIO CARLOS JOBIM - 1967
Enquanto tomava chope com amigos no mesmo bar celebrizado por “Garota de Ipanema”, Tom Jobim recebeu o mais surpreendente telefonema de sua vida. Do outro lado da linha, ninguém menos que Frank Sinatra. “The Voice” queria gravar um disco só com músicas de Tom, que topou na hora. Foi uma conversa curta:
"Quero fazer um disco com você e saber se você gosta da idéia", perguntou Sinatra ao telefone. "É uma honra", respondeu Tom. O cantor sugeriu que Tom tocasse violão. Apesar de não gostar da idéia, Tom aceitou. Mas também fez um pedido-um baterista brasileiro (Dom Um Romão)-prontamente aceito pelo cantor, que ponderou: "Não tenho tempo para aprender canções novas e detesto ensaiar. Vamos ficar com as mais conhecidas-os clássicos".
Quando se recuperou da surpresa, Tom lembrou-se da esnobada que um editor nova-iorquino lhe dera três anos antes, envolvendo indiretamente a figura de Sinatra:
Em 1963, Tom procurou um agente em Nova York e reclamou com ele da má qualidade das versões americanas de suas músicas. "Como é que o Frank Sinatra vai gravar minhas músicas com essas letras?", ponderou Tom. "E quem é que disse que o Frank Sinatra vai gravar suas músicas", replicou o agente, com um debochado sorriso nos lábios.
Em janeiro de 1967 hospedou-se no Sunset Marquis de Los Angeles para dar início ao trabalho, afinal adiado porque Sinatra refugiara-se em Barbados para esquecer mais uma desavença conjugal com Mia Farrow. Enquanto esperava, repassou todos os arranjos com Ogerman, compôs mais duas músicas (“Wave” e “Triste”) e quase morreu de tédio:
Enquanto esperava um sinal de Sinatra, Tom escreveu várias cartas a Vinícius. Numa delas autodefiniu-se como "um infeliz paralisado num quarto de hotel, esperando o chamado para a gravação, naquela astenia física que precede os grandes acontecimentos, vendo televisão sem parar e cheio de barrigose". E assinava: "Astênio Claustro Fobim".
As gravações de “Albert Francis Sinatra & Antonio Carlos Jobim” começaram às 20h do dia 30, no Studio One da Warner Western Sound, em Sunset Strip. Por precaução, Sinatra gravou primeiro duas das três canções americanas incluídas no repertório, “Baubles, Bangles and Beads” e “I Concentrate on You”, com as quais só não tinha intimidade em ritmo de Bossa Nova. A primeira de Tom que ele encarou foi “Dindi”, seguida de “Change Partners”. A última faixa da noite foi “Inútil Paisagem”. Apesar do natural nervosismo do brasileiro, a sessão transcorreu num clima de extrema afabilidade. Nas duas noites seguintes não seria diferente.
A crítica americana elegeu o encontro de Sinatra e Jobim o álbum do ano. Nas vendas perdeu apenas para “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”
, dos Beatles. Um segundo disco com os dois seria gravado dois anos depois, com o título de “Sinatra & Company”, com arranjos de Eumir Deodato. Àquela altura, Tom e o cantor já haviam se tornado amigos. Quando dos preparativos de um especial sobre Sinatra, A Man and His Music, co-estrelado por Ella Fitzgerald, para a rede de televisão NBC, em setembro de 1967, Francis Albert não se esqueceu de convidar Antonio Carlos. Sinatra, aliás, abriu o programa cantando “Corcovado”.

Sinatra&Company - 1971 (1969 - 1971)
O segundo encontro musical de Frank Sinatra e Tom Jobim, foi gravado em 1969 mas só lançado em 1971, não repetiu o mesmo sucesso do primeiro. "Quase não ensaiamos; por isso o segundo disco não ficou tão bom", avaliou Tom, que apesar de tudo gostava do disco. Com arranjos de Eumir Deodato e regência de Morris Stoloff (conhecido compositor e arranjador de trilhas sonoras da Columbia Pictures), teria, a princípio, dez das 104 músicas que Tom prometera apresentar ao cantor:
  1. Drinking Water (Água de Beber)
  2. Someone To Light Up My Life (Se Todos Fossem Iguais a Você)
  3. Triste
  4. Don't Ever Go Away (Por Causa de Você)
  5. This Happy Madness (Estrada Branca)
  6. Wave
  7. One Note Samba (Samba de Uma Nota Só)
  8. Off Key (Desafinado)
  9. Bonita
  10. Song Of The Sabia (Sabiá)
Mas só as sete primeiras saíram, afinal, no mesmo LP, a que deram o título de Sinatra & Company. Nunca se soube, com absoluta clareza, o que levou a Reprise a agrupar sete faixas de Sinatra e Tom no lado A, descartar três, e reservar todo o lado B para sete canções americanas, com arranjos de Don Costa. A hipótese mais aceita é de que o cantor não ficou satisfeito com o rendimento de sua voz em duas ou três faixas e não dispunha de tempo (e, talvez, paciência) para regravá-las.

Em suas pesquisas para o livro The Song is You, Will Friedwald descobriu que Sinatra cismara com a capa original do disco, em que aparecia encostado num velho ônibus Greyhound, e, acima de tudo, com o resultado de Desafinado, que, segundo o cantor, cantado em dupla com outro homem e não sendo um dueto cômico, como os que fizera com Gene Kelly, em Marujos do Amor (Anchors Aweigh), e Bing Crosby, em Alta Sociedade (High Society), poderia soar homoerótico a alguns ouvidos. Bonita (que o trombonista Milt Bernhart, que participou da gravação, considera uma das mais belas interpretações de Sinatra) só foi lançada num single, nos Estados Unidos, e Song of the Sabia saiu apenas na Itália.


SinatraJobim - 1969
  1. Song Of The Sabia (Sabiá)
  2. Bonita
  3. Drinking Water (Água de Beber)
  4. One Note Samba (Samba de Uma Nota Só)
  5. Don't Ever Go Away (Por Causa de Você)
  6. Someone To Light Up My Life (Se Todos Fossem Iguais a Você)
  7. Triste
  8. Wave
  9. This Happy Madness (Estrada Branca)
  10. Off Key (Desafinado)

Sinatra-Jobim sessions - 1979
Drinking Again
Manhã de Carnaval - A Day in the Life of a Fool

O Disco Sinatra-Jobim sessions tem também duas músicas 'novas' entre Tom e Frank:
Drinking Again e Manhã de Carnaval - A Day in the Life of a Fool. O disco não conta com Off Key (Desafinado).

Duets II - 1994

Em maio Tom daria em Jerusalém, seu último espetáculo, passando os quatro meses seguintes no Rio, onde preferiu gravar a faixa (“Fly Me To the Moon”) que lhe coube no segundo disco de duetos de Frank Sinatra, “Duets II”. Em 15 de setembro, três dias após gravar sua parte no dueto com Sinatra, viajou até Nova York para submeter-se a uma angioplastia e avaliar o grau de comprometimento de seu sistema circulatório. Por motivos de saúde, cancelou uma gravação que agendara com Joe Henderson. Receosa de não conseguir sua presença no lançamento de um projeto que reunia um livro sobre a Mata Atlântica, com texto de Tom e 50 fotos de Ana Jobim, e um vídeo, “Mata Atlântica—Visão do Paraíso”, produzido por Walter Salles Jr. e dirigido por Flávio Tambellini, a editora Index adiou tudo para junho do ano seguinte. Num dos vários exames a que Tom se submeteu, detectaram um tumor maligno em sua bexiga—e uma cirurgia foi marcada para o dia 6 de dezembro, no Mount Sinai Medical Center. No dia 8, enquanto convalescia da cirurgia, teve uma parada cardíaca, às 8h. A segunda, duas horas depois, provocada por uma embolia pulmonar, lhe seria fatal.

Seu corpo desembarcou no Rio no dia 9 e foi velado no Jardim Botânico, dali seguindo para o cemitério de São João Batista, após desfilar em cortejo pela cidade que ele tanto amou e cantou em suas canções.

Adaptado - http://www2.uol.com.br/tomjobim/biografia.htm

Quando se ouve os dois primeiros trabalhos de Frank Sinatra e Tom Jobim, o que fica evidente é: a qualidade de Sinatra como interprete, a de Tom como guitarrista (afinal o violão é guitarra clássica no resto do mundo), e o inglês cariôques de Jobim. Não é ruim, apenas fica claro o 'tom' carioca no inglês de músicas como Off-Key.

Mas quando vamos ouvir Fly Me To The Moon no Duets II, 35 anos depois da última gravação entre os dois, fica dificíl (para não dizer quase impossível) dizer quem é Sinatra e quem é Jobim na música. Apenas no final é possível perceber a diferença, e mesmo assim muito sutil. Depois de ouvir muitas (muitas mesmo) vezes, até é possível às vezes diferenciar um do outro. O que da pra perceber é que Sinatra aos 79 anos ainda cantava como Sinatra (em estúdio, porque no seu último grande show, era visível seu cansaço). E Tom aos 67, cantava tão bem quanto 'The Voice'... Irônico pouco depois ele ter partido...

Drinking Water
Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinícius de Moraes / Norman Gimbel

Your love is rain my heart the flower
I need your love or I will die
My very life is in your power
Will I wither and fade or bloom to the sky

Água de beber
Give the flower water to drink
Água de beber
Give the flower water to drink

The rain can fall on distant deserts
The rain can fall upon the sea
The rain can fall upon the flower
Since the rain has to fall let it fall on me

Água de beber
Água de beber camará
Água de beber
Água de beber camará

Um comentário:

herc takes five disse...

love the cover photo of frank and the bus. looks like he had the driver pull off the jersey turnpike to dump a body.